quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Crônica da única felicidade

Alguns dias da semana eu me pegava perambulando pelos corredores da minha escola, e por algum motivo as pessoas me paravam para contar os detalhes de suas vidas. Alguns dias da semana as histórias que passavam pelos meus ouvidos eram ditas com uma emoção que me contagiava, e a pessoa que contava uma história assim, com tanta emoção, costumava dizer que teve sorte pelo fato concretizado. Outros dias da semana, essas mesmas pessoas voltavam a mim, só que dessa vez com detalhes de seu dia triste e muitas vezes por razões fúteis como não ter ganho o presente desejado no aniversário, ou simplesmente por não ter achado o controle remoto. Alguns dias da semana essas histórias eram mais tristes do que o normal, geralmente as lágrimas que escorriam pelo rosto do narrador vinham acompanhados de brigas familiares ou com o namorado, e no fim de cada semana eu me dava conta, de que na maioria das vezes elas se diziam "infelizes". Juntando os fatos, eu me peguei num dilema - na maioria das vezes, a felicidade dos narradores vinham da conquista de bens materiais, e sua suposta infelicidade tinha raízes nos problemas emocionais -. Acredito que no fim de cada dia, cada um volta para sua casa e tenta lidar com os problemas que carregam no dia-a-dia.
E no fim de tudo isso eu ainda não tivera a resposta que tanto procurava, o motivo dessas pessoas virem desabafar comigo. Mas a resposta era irrelevante, poderia ser simplesmente por me acharem confiável ou gostarem de mim. Porém, sua insegurança do incerto era tão grande que tinha medo de realizar alguns feitos - mas uma coisa que podemos ter certeza é que o tempo é inexorável -. Podemos temê-lo, mas não podemos escapar do mesmo. E finalmente a resposta estava mais próxima do que nunca, a insegurança dos jovens narradores fazia com que eles procurassem um porto seguro, seja em sua casa onde ninguém o perturba, ou se agarrando no ombro forte e agradável de um amigo. E para concluir minhas conclusões, a percepção de felicidade que cada um tinha de suas vidas eram muito limitadas ao que a sociedade tinha a lhes oferecer - no final de tudo, a diferença entre nós era justamente a idéia que possuímos- eles eram felizes todos os dias, mas não o dia inteiro todo dia, ao contrário de mim que via a felicidade não pelas minhas conquistas materiais ou perdas emocionais, e sim por estar aqui, vivo.

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